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Por Caty Pires 12 de janeiro de 2023
Nela nós acreditamos!
Por Caty Pires 5 de abril de 2020
Até pouco tempo atrás, a ideia de uma pandemia viral capaz de parar o mundo era coisa de filme de terror, daqueles que, ao final, pensamos "ufa...ainda bem que é filme". Mas como a vida não tem script, tampouco roteiro sobre o qual possamos rascunhar, cá estamos nós, perplexos, tomados de incredulidade diante das novas realidades que se apresentam e que só conhecíamos dos livros e periódicos. Coisas como distanciamento social, quarentena, achatamento de curva epidêmica e afins passaram a fazer parte de nossa rotina, e seguimos tentando simultaneamente entender e aplicar esses novos conceitos. O social também ganhou novos contornos, nos obrigando a encarar nossas próprias fragilidades físicas e emocionais, uma vez que agora, isolados e com muito mais tempo disponível, após algumas horas olhando em volta, acabamos por voltar o olhar ao nosso interior. É inevitável. O mundo jamais será como antes. Só nos resta torcer e trabalhar para que esse desvio compulsório, ao qual fomos arrastados sem qualquer aviso, traga construções positivas para o planeta, em todos os sentidos. Que sejamos capazes, a partir desse acontecimento global, de criar sensibilidade e percepção às necessidades do outro. Que sejamos capazes de nos solidarizar com a dor alheia de modo mais espontâneo. Que nosso olhar se abra para o tempo desperdiçado com as mesquinharias diárias. Que empregadores compreendam sua completa obsolescência sem seus empregados. Que empregados compreendam as pressões e cargas dos seus empregadores. Que as escolas não transformem crianças em estatísticas de sucesso ou fracasso. Que pais e mães consigam educar no mais amplo sentido da palavra. Que saibamos o valor da comida, e quão significativo é o ato de poder ir ao mercado adquiri-la sem medo, sem máscaras, sorrindo e conversando com os passantes. Correndo o risco da pieguice, mas na certeza do conteúdo, agora é momento de união, de somar esforços. Não tem amigo, tampouco inimigo. O inimigo comum é o vírus. Não tem valor de causa maior do que nossas vidas, nem magistrado capaz de solucionar esse impasse. Não tem defensor, promotor, parte ou advogado que possa suprimir nossas dúvidas mais profundas, ou nossos medos mais obscuros. O que há, e isso sim, há de sobra, é nossa capacidade de adaptação e evolução. Isto posto, saiba: a hora é de acordos, composições amigáveis, suspensão de conflitos. Flexibilize o valor do aluguel para seu locatário, parcele a dívida com seu devedor, doe o que você tem de sobra e o vizinho tem de menos. A OMS diz "teste, teste, teste". Nós dizemos "doe, doe, doe". Doe tempo, doe gestos, doe comida, doe tudo que puder e for capaz de doar. E assim sairemos dessa mais fortes. E novamente poderemos negociar e contender, mas com o refinamento de quem já enfrentou uma pandemia global e um vírus desconhecido. Com amor.
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